domingo, 3 de outubro de 2010

Verdadeiro Professor

O senhor me dá licença? Pois não, minha filha! O que você deseja? É que morri lá na terra meu santo, e aqui estou me candidatando a um lugarzinho no céu. Queria ver se posso entrar? Vamos ver meu bem! Você foi boa menina, crédula e piedosa, não cometeu pecado capital algum? Foi moderada nos pecados venhas? Doou parte de seus ganhos a outros, dividiu seu pão com irmãos famintos, acolheu em sua casa velhos e doentes? Sempre ofereceu ao outros tudo quanto a si mesmo desejou? Foi caridosa em todos os instantes? Não se dobrou pela cobiça, não esmoreceu nas esperanças, jamais praguejou? Desculpe meu santo. Minha vida na terra não foi como minha mãe ensinou. Pensando melhor, até acho mesmo muito grande a pretensão em procurá-lo. O Senhor me desculpe, penso q não mereço o céu. Afinal, lá na terra fui apenas uma professora... Uma professora? Interessante, minha filha: professores quase nunca reivindicam o céu. Conte o que você fazia lá na terra, fale do seu trabalho... Bem, São Pedro, lá na terra eu procurava ensinar meus alunos a olhar e ver, eu refletia constantemente sobre meu trabalho, buscava inová-lo sempre, derramava toda ternura em minhas aulas. Aprendi a aprender com os outros, com meus alunos, com suas experiências. Busquei ensiná-los a decifrar símbolos, a resolver problemas, a se relacionar com outras pessoas, a trabalhar juntos. Creio meu santo que fui uma pequena Bom Dia, São Pedro. artesã que construía e reconstruía permanentemente meu saber profissional. Enfim, procurei ser uma fazedora de perguntas a uma construtora de sentidos... Acho que foi só isso, meu bom São Pedro. Peço desculpas, foi uma alegria descobri-lo, assim tão manso, tão branco... Calma minha filha, não se vá. Entre. O céu é todo seu... Entre, minha filha para entrar no céu um verdadeiro professor jamais precisa pedir licença. PENSE NISSO E TENHA UMA EXCELENTE NOITEE!!!


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